domingo, 16 de julho de 2023

 Não ligo se as coisas estão bagunçadas

ou se soo repetitiva demais.

Sei que fui insuficiente pra você no passado, mas a verdade é que não me bastei nem para mim mesma.

sábado, 18 de março de 2023

 E se eu descobrir que mesmo amando você sou uma melhor versão de mim longe de ti?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

O melhor lugar pra ir

 Algo sobre arrumar a casa mais ou menos, cumprir meio objetivo de fazer uma limpeza pessoal e há muito desejada no guarda roupas, ignorar a sujeira do piso e sentar no sofá, sem banho, de estômago forrado com café preto, descabelada, alheia às dores e dar colo e jantar na boca.

Os dois precisaram de mim mais do que eu de mim mesma.

E fiquei feliz de ver meu celular no encosto do sofá, pois eu poderia escrever essa postagem, pra experimentar explorar sentimentos enquanto um dormiu e o outro escorou pra assistir a um desenho japonês, me deixando uma mão livre.

Então é sobre quem sou eu debaixo de dois filhos ou quem somos sob o sofá duro e velho da sala.

Eu sou quem se resigna enquanto torce para a bateria viciada do celular não acabar antes de eu exprimir um pouco de qualquer coisa de mim nessa página virtual que ninguém lê, ou antes do menor não gorfar ou do maior desistir do sossego e pôr fim à nossa inércia.

Mas é mais sobre mim mesma. Sobre gostar de estar no sofá e as tantas coisas à serem feitas nem importarem tanto quanto antes de sermos três. Sobre ser parte do sofá e deles, misturada às suas velocidades. Sobre sermos suficientes um pro outro e essa sala ser o melhor lugar pra ir.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

 Eu tinha uma lista de compras pra fazer. E várias conjecturas implorando pra serem grafadas no meu diário, Mas eu tinha pouco tempo, pois logo seria a hora de entrar no carro e cuidar de um dos três.. Então liguei o computador pois meus dedos teclam mais rápido do que marcam o papel e eu ansiava por uns minutinhos para mim, pra tirar de dentro do meu peito as angústias que ultimamente eu não conseguia dividir com ninguém.

Era muita coisa acontecendo contra a minha vontade e acho que isso deve ser uma das coisas mais complicadas pro ser humano. Mas eu tava levando... escolhas que não fiz, dias que não queria enfrentar e amanheceres cheios de resignação.

Acho que era essa a palavra: RESIGNAÇÃO.

Pois o que mais eu poderia fazer?

Só sei que tudo aquilo era muito e eu tinha vontade de chutar metade das situações que eu estava vivendo. Não me sentia obrigada, mas havia algo me segurando e eu não entendia o que.

Como estava à espera do quarto serumaninho pra vir pros cuidados da mamãe, pensava muito sobre os hormônios que explodem o corpo da mulher e sabia que não poderia tomar nenhuma decisão muito drástica nesse momento.

Mas a única coisa que me confortava naqueles dias era fantasiar que eu tinha chutado o balde, arrumava uma casinha pequena e aquecida bem no centro da cidade, onde a trabalheira era reduzida e eu podia criar meus meninos com mais conforto e um pouco de paz.

PAZ.

Faz muito, muito tempo que não experimento essa sensação. E eu tava doida pra vivenciar um pouco dela e não sabia como.

Não rolava pagar terapia, pois ultimamente não tava rolando nem pagar todos nossos boletos no mesmo mês.

Acho que isso era um agravante pra que eu ficasse estagnada aqui, no frio, me sentindo exausta, sugada. Mas eu sabia, que era só uma fase e que em algum momento as coisas iam se assentar e eu teria um clarão e tomaria minha decisão sem que dúvidas assolassem meu coração.

Minha hora ia chegar... eu sentia.

Então espirei fundo e desliguei o computador.

sábado, 19 de junho de 2021

Desabafos de uma mãe no século XXI

Tenho 31 anos. 

Me matei nos estudos, como era de se esperar. 

Alcancei realização e estabilidade profissionais, como era de se esperar. 

Badalei e curti adoidado, sem deixar de fazer quase nada que tive vontade, muito bem obrigada.

Encontrei o amor da minha vida e hoje posso dizer que reconheço meus mecanismos internos para trabalhar a melhora em mim sempre que a vida pede.

Agora sou mãe. Podem me deixar em paz, só um pouquinho?

..

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Para exercer a maternidade a mulher precisa estar em um momento onde possa ser interrompida, porque ser mãe requer entrega completa e um tipo de doação tão profunda que exige que seu potinho esteja cheio. Bem cheio.

Ser mãe é mais que conciliar o tempo da rotina, da mulher, é conciliar seu tempo no mundo, gerenciar a nova fase onde você interrompe todas as suas outras mulheres e vai ser mãe. E tá tudo certo. Se observarmos outras fêmeas no mundo animal é isso o que a gente vai ver.

E qual é o problema em interromper os planos e as expectativas sociais?

O problema é justamente esse: a maravilhosa capacidade de racionalizar do ser humano. 

A humana é racional demais pra aceitar ser guiada pelo instinto. E as outras humanas ao redor ao invés de construir uma rede de apoio (como o caso das leoas, por exemplo) pra que aquela mãe possa exercer a maternidade da maneira que acredita, focam nas  listas e receitas de como fazer e não fazer.

"Se ele dormir na sua cama você não terá mais paz"

"Dá logo a chupeta para ele não ficar te sugando"

"Deixa chorar, está muito mimado"

E tantos outros palpites de uma sociedade que cria para a independência, para o mercado de trabalho. Viva o capitalismo! Eeeeee...

Como se saúde emocional fosse sinônimo de condicionamento à solidão. Ou qualquer coisa do tipo...

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Ninguém aguenta ver uma mulher sendo mãe já que o foco deveria ser na mulher bem sucedida, profissional, intelectual, ou em como anda sua vida social, sua liberdade, suas desconstruções, seu corpo, sua poupança, seus planos para o futuro, etc, etc, etc... 

Mas mãe?

Acontece é que as mulheres que nos julgam tanto também não conseguiram exercer suas maternidades da maneira como acreditavam, pois haviam receitas de como fazer um seus épocas também.

Portanto, reflitam sobre isso.

Parem de se importar com os comentários alheios.

E não julguem quem faz escolhas diferentes das suas.

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Viver ou não viver? Eis a questão...

 Tá todo mundo cansado.

Eu tô cansada.

A privação social é um negócio que dói. Porque nós somos seres coletivos. Biologicamente coletivos (precisamos dos outros para promover abrigo, alimentação, reprodução e perpetuação da espécie).

E foi pelo coletivo, para preservar a vida humana no planeta Terra que entramos em quarentena. E as pessoas foram arrumando uma série injusttificável de justificativas para justificar a quebra do isolamento. Algumas cruéis.

E quem se manteve atrás das máscaras foi ficando dorido. Como aquela menina que escolheu proteger seu pai e negou uma visita à netinha, que agora nunca mais o verá. Não, ele não morreu de Covid-19. Foi um infarto inesperado no sofá de sua sala, sozinho.

Daí caímos nesse abismo antagônico: nos manter afastados para resgardar o outro e a nós mesmos, correndo o risco de perder pra sempre a chance de estar juntos pela última vez ou nos manter afastados por empatia pela vó da amiga com quem você decidiu sair para jantar. A consciência é um negócio pesado às vezes, né?

Viver ou não viver? Eis a questão...

Porque vírus é assim, gente: incolor, microscópico e se espalha. E a maioria dos seus vetores são assimtomáticos. Ah, vale lembrar que ele também é apartidário: vai contaminar quem votou no Haddad e quem escolheu o Bolsonaro.

Onde eu quero chegar com esse texto?

Acho que pela primeira vez em lugar nenhum... Estou apenas compartilhando meu cansaço.


quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Sobre nossas versões anteriores...

Daí ele me pediu para escrever pra ele, revertendo uma imagem que criei aqui de sua paternidade antes dela acontecer, num desses rompantes hormonais que a gente tem na gravidez...
Então, mãos à obra! Pois ele merece, senhoras e senhoes!

Vamos à primeira consideração (filosófica e política, além de íntima e confessional): o ser humano não é estático. Não nasce pronto, tampouco dá conta de sustentar qualquer verdade do começo ao fim da vida, sem transformar seu olhar à medida que altera sua posição no mundo e o alcance de sua visão.
Vou explicar com menos poesia: essa pandemia, por exemplo, jogou isso na cara de todo mundo. De uma hora para outra fomos obrigados a nos reinventar, aprender coisas novas e novas maneiras de nos relacionarmos. Fomos obrigados a olhar para as escolhas que fizermos e colcarmos em prática muita coisa que era apenas discurso. Ficamos frente a frente conosco e infinitamente distântes de nossa zona de conforto. Ah, e ainda tivemos que ser produtivos para a sociedade capitalista. Tsc...
Deu pra sentir o que eu quis dizer com o exemplo? Faz parte da gente mudar. E a dona vida vive inventando jeitos de nos forçar a isso. O "modo Covid-19 de existência" foi só um...

Quando engravidei eu fiquei como toda grávida: instável e desesperada frente às mudanças que estavam acontecendo (Cara, são de longe as mais radicais!).  Recolhi todos os dados que minha memória havia guardado sobre meu relacionamento com o pai do meu bebê ainda em fase de gergelim e reagi. Eu só podia contar com aquilo naquele momento, e comigo mesma. 
Foi uma fase bacana. Hororosa. Linda. Assustadora. A mais rica em oportunidades! E positiva, no fim das contas...
E então, depois que administrei aquele exército de hormônios e decidi que fantasma não existia, reencaixei minha vida na do doador de esperma do Cícero! (Essa foi pra te provocar, amor!rs)
E finalmente estávamos prontos para sermos "pai" e "mãe", pois esses são papéis sociais e não condições biológicas definidas pelo gênero do seu nasciemtno.
Eu queria ser mãe e ia gerar um neném. Ele queria ser pai e tinha semeado um neném. Pimba!
Nasceu!
E enfim éramos novas duas pessoas, modificadas pelo milagre da vida e a elasticidade humana!

Portanto, o ser humano precisa da oportunidade pra ser e do poder de escolha para ser melhor ainda.
E quando, num post desses por aí eu resumi você, Necho, em três minutos de contribuição pro evento Cícero, eu ainda não tinha visto você assumindo tão magnanimamente bem seu papel de pai. Pai, com P maiúsculo!

Então esse foi meu erro, julgar você antes de vê-lo em ação. Antes da condição imposta pela mudança e da escolha de ser o melhor que já havia sido!
E só pra constar: se você não estivesse aqui comigo, construindo essa família e me dando a oportunidade do confronto evolutivo, eu sairia perdendo. Muito.
Você é um pai além das palavras.
E o maior amor que vivi nessa minha vida!
Te amo, preto!

Aliás, FELIZ DIA DOS PAIS!