sábado, 11 de janeiro de 2020

O que não te contaram sobre o parto

 Parto humanizado, natural, vaginal, cesariano...

Primeira coisa que não te contaram sobre o parto (e também sobre o puerpério, aquela palavra estranha que a gente nem imagina que exista mas que de repente transforma fundamentalmente nossa vida) é que a frase famosa que diz "Quando nasce um filho nasce também uma mãe" veio com erro. 
Quando você escuta isso logo pensa que seu filho vai chegar aos seus braços, você chorará de emoção e alegria e com seu instinto maternal aflorado saberá identificar as necessidades dele e supri-las com êxito e gratidão. 
Não. Nããããão. Não mesmo.

Vamos por partes...

O parto
Uma linda amiga me disse que "Parto humanizado é aquele que deixa a mulher mais tranquila"
Sentiram a leveza e o poder dessa frase?
Hoje em dia o parto pode ser uma escolha, pois a cesária se transformou num objeto de consumo, podendo ser uma opção pras mamães.  Mas independente dos motivos que as levam a escolher, não podemos esquecer que o parto cesariano é um procedimento cirúrgico (muito bem vindo em parturientes de risco, obrigada) e portanto uma forma artificial de nascimento e que a mulher foi biológica e fisiologicamente constituída para parir pela vagina.
Esclarecidas? 

A dor do parto vaginal
Um trabalho de parto pode durar horas ou dias, fator principal de desencorajamento para a mulher encarar esse processo.
Mas o que não te contaram?
Que você não passará todo esse tempo com dor.
As dores das primeiras fases do parto provém das contrações, que são como ondas: elas têm pico e duração. As contrações começam do zero, aumentam de intensidade, alcançam um pico, diminuem e terminam, voltando ao zero. E você passa alguns instantes (vai depender do tempo de intervalo entre elas) não sentindo absolutamente nada. Eu dormi entre as minhas.
Além disso, no início do trabalho de parto as contrações serão mais espaçadas e menos intensas, ou seja, vem aquela dorzinha leve e totalmente suportável e demora até vir a próxima (o tempo de duração dos intervalos e das contrações vai depender de mulher para mulher, no meu caso começaram de 3 em 3 minutos quase sem dor e terminaram de 3 em 3 minutos com dor mais intensa).

Dilatação
A contração serve para dilatar o canal por onde o bebê vai atravessar, então quanto mais tempo durar o trabalho de parto e mais contrações você tiver, maior será a sua dilatação. De novo, esse processo também varia de mulher para mulher, mas não foge à regra. E se você pensar por esse lado, a contração é sua amiga. Receba-a. Ajude seu corpo. E não se esqueça que toda mulher dilata se enfrentar esse processo.

Psicológico
(No princípio era o verbo)
A palavra não é a tal força criadora? E nós, bons humanos que somos, organizamos o pensamento antes de construir a fala, portanto é nossa cabeça quem manda aqui.
Uma das coisas que mais me ajudaram a enfrentar a fase ativa do meu trabalho de parto (que durou 1h de dor intensa) foi não me entregar pro desespero, lembrando que aquele momento ia passar. E só, porque na hora você não consegue fazer mais do que isso (eu também consegui falar com o bebê em pensamento, uhuul, entendendo que ele era parte daquele processo e encorajando-o a descer e sair pro mundão). 

Resumindo: você encara a dor, ciente de que você precisa dela e que ela vai passar.
Pronto.
Ele nasceu!

O puerpério
Agora já posso te contar um segredo que aposto que ninguém contou: o parto não era o mais importante! tsc
Por mais extenso e cansativo que seja o seu trabalho de parto ele é infinitamente mais rápido do que a sua maternidade. Então, prepare-se para o momento em que você estiver de volta à sua vida, abalada pela descarga hormonal do pós parto, talvez dolorida, completa e profundamente insegura,com um bebê para cuidar e cheia de palpites de como fazer! ;)

Então, parafraseando minha amiga querida: "maternidade humanizada é aquela que deixa a mulher e o bebê mais tranquilos".
Existem milhões de correntes teóricas, argumentos científicos e verdades absolutas de vizinhança pra te dizer como cuidar do seu filho, como se os bebês fossem uma categoria mecânica e uniforme.
Pense assim: os adultos são todos iguais? Você tem as mesmas reações e preferências que sua mãe ou irmão?
Pronto. Observe seu bebê, acalme-se pra conseguir perceber seu próprio instinto e lembre-se que não existe regra ou receita. Se os dois estiverem confortáveis com sua prática, ela está certa.
Ah, e por favor não se esqueça: bebês choram para caralho!!