sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Web, Web, Web ou biblioteca?

Parágrafo único: sobre a confiabilidade das fontes para pesquisa em rede virtual.
   O primeiro ponto a ser considerado é o da subjetividade da realidade, contudo, da realidade virtual que por não existir num plano físico torna-se-á mais subjetiva ainda, construindo-se sobre passos num espaço abstrato.
    Fomos socializados, isto é, ensinados a acreditar numa dada realidade, internalizando as morais do contexto. Até aí tudo certo, o mundo funcionava relativamente bem, mas aparece a Sra. Internet para vomitar com ferocidade informações vindas do além! Sim, pois eu não vejo de onde elas vêm, tampouco tenho garantia que amanhã estarão lá.
   Salvo pelas fogueiras da Inquisição, é muito trabalhoso destruir material impresso, portanto há uma maior dedicação na produção desse material. 
   Consideração feita, convenhamos que qualquer ser animado e parcialmente racional produz conteúdo e disponibiliza na rede. Como pode um indivíduo confiar nessas informações enquanto estudante construtor de conhecimento? E que intermédio poderá fazer um professor que já nasceu ultrapassado, numa Era onde o próprio conhecimento se atropela chutando à descanteio métodos concretos de pesquisa? Ou então já estamos tão evoluídos que podemos passar a usar a intuição ao avaliarmos a veracidade do conteúdo de um site...
   Para as tecnologias em geral, concordaremos que facilitam demasiadamente a existência humana. Todos sucumbimos às suas facilidades com satisfação, afinal, o que seria de mamãe ou do cônjuge se não carregássemos aparelho celular? E se o almoço tivesse que ser devorado frio ou, numa perspectiva mais otimista, remexido num taxo com o auxílio de uma colher que empapa à medida que aquece ao fogo? E se ao invés de e-mails tivéssemos que apelar às cartas ou pombos correios? E imaginem os docentes copiando à mão 80, 160, 240, 1000 avaliações para seus alunos periodicamente? E se não existisse o chocolate tal como o conhecemos? Já comeram cacau? Eca...
   Então novamente para à Internet enquanto fonte de pesquisa, reencontramo-nos com o problema ao falarmos dessa facilidade, que promove a preguiça do corpo (que não emprega energias na busca pela fonte) e da mente (que não precisa pensar, é só dar um ctrl C, ctrl V), além do mais há tantas possibilidades na Internet, que os trabalhos escolares se tornam "desinteressantes"...
   Decroly mencionou: "A escola (tradicional) engorda fisicamente e entorpece mentalmente". Essa frase incita minha curiosidade sobre o que esse educador de séculos passados diria se convivesse com a loucura que é a geração da Internet...

   Portanto, para essa mera transeunte terrestre e navegante da rede, sites virtuais não substituem peregrinações em bibliotecas -que por incrível que pareça são várias espalhadas por quase todas as cidades! E sim! Elas têm cheiro! Já tentou cheirar o seu computador?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mais um comprimido


Escorregando pelo ribeirão de piche, minhas expectativas adiantavam-se às quatro rodas, impulsionadas pela ânsia de visualizar a notícia que viajou pelos tantos quilômetros de fios que transportam as vozes em tempo real e subjetivo.
Chegou a nós por esses fios que alguém havia surtado. Mas quando entramos na casa, deparei-me com várias pessoas montando seus medos sem nenhum equilíbrio e uma que a tudo enxergava claramente.
Não entendi então porque arrancaram-na da proteção do nosso casulo e deixaram que outro maluco de branco injetasse lucidez em sua veia.
Revoltei-me em meu silêncio e retirei do baralho da nossa moral a carta da lucidez, a fim de roubar-lhe todas as respostas que me faltavam.
Ela me contou que a sanidade é apenas uma casca, que envolve nosso ser antes das vestes do ente. Então somos essência, armadura e finalmente aparência. E a normalidade está na marcha do exército que mantêm suas armaduras intactas...
A verdade é que nós não aprendemos a conviver com a essência sem a proteção da armadura. Nossa introspecção é sempre para averiguar se a casca está bem colocada e se todo o ser mantêm-se preso dentro dela (e calado).
Ri por ironia, sem liberar expressão facial. Ri porque vi que eu soube retirar a armadura, mas minha premissa é sempre o silêncio onde conversam ser e ente, sobre a mesa posta com todas as loucuras que já me acostumei a saborear.
A armadura da minha companheira se rompeu sem prévio aviso e o seu ser gritou as verdades inatas para o ente que já as sabia de cor e que então começou a cuspi-las assustando os que viam por trás de suas armaduras...


...Entrei no quarto, com uma xícara de chá nas mãos. Sentei na cama e costurei os minutos para que deslizassem sobre eles um diálogo coerente, claro e triste. Meu silêncio ouviu. Digeriu. Concordou. E depois falou. E falaria mais se não houvessem me arrancado do quarto com olhos assustados que perfuravam nossa serenidade.
Porque só eu a entendia? Estaria louca também??
Mas a loucura é somente o abrigo das não-convencionalidades... O que diverge do que nossos ouvidos estão acostumados a ouvir ou nossos olhos a ver, deixa de ser normal. Contrário de normal é anormal e a  anormalidade, nesse contexto, é a loucura.
Então sim, éramos loucas, ela e eu. E nenhuma das duas sorria sobre a cama.
E agora presa do lado de fora, sinto o pouso do silêncio sobre meu ombro direito enquanto escrevo. Ela está no quarto, fitando o teto que foi só o que deixaram para ela.
Ambas estamos tristes.
Ouço os entes queridos falarem sobre matéria e espiritualidade, porém ambas são convenções criadas pelos homens e a segunda veio quando a primeira não mais satisfez. Nenhuma comporta a verdade que é a contida em cada ser, omitida por cada ente e que sabe mais do que qualquer ciência ou filosofia humana.
Em cada um há um universo inteiro de luzes sob as quais podemos convidar outros para dançar e sombras onde repousaremos sozinhos. Estamos desconexos uns dos outros, portanto os convites para as danças não podem ser feitos e nos resta apenas a reclusão nas sombras.


Mais uma injeção, um comprimido. 
Menos uma chance de revelar todas essa mentira confortável que nos circunda.
Apenas um olhar que se desvia, duvidando de tudo o que vir daqui para frente.
Começo a acreditar que enxergar é realmente estar doente dos olhos... E quais as providências tomadas para alguém doente?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Bruxa ou Saci?

Bem sabemos que no dia 31 de outubro boa parte das crianças brasileiras se fantasiam e brincam sob decorações de abóboras, caveiras, morcegos e outros elementos sombrios que circundam o místico universo do Dia das Bruxas, ou Halloween.


Numa breve pincelada, o Halloween é  um evento tradicional dos países anglo-saxônicos, especialmente Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, que perpetuam celebrações dos antigos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a. C. e 800 d. C.. Esse dia marcava o fim oficial do verão e último dia do ano no calendário Celta, como também o final da terceira e última colheita do ano, o início do armazenamento de provisões para o inverno, o início do período de retorno dos rebanhos do pasto e a renovação de suas leis. Acreditavam também que unicamente nesse dia os mortos teriam oportunidade de retornar à terra para procurar um corpo vivo e ocupá-lo pelo próximo ano, o que originou as fantasias, elementos assustadores e arruaças que afugentaria os espíritos.


Já sabemos sobre esta celebração e que ela faz parte da cultura norte americana e não da nossa, certo?
E talvez gostem de saber que desde de 2004, o dia 31 de outubro no estado de São Paulo é o dia do Saci, e essa criaturinha simpática e travessa sim faz parte da cultura brasileira!


Além do decreto estadual Dia do Saci no Estado de São Paulo, contamos com as leis municipais nas seguintes cidade: 
Dia do Saci no município de São Paulo


Esses projetos de lei estão disponíveis no site da Sociedade dos Observadores da Saci http://www.sosaci.org, o qual vale muitíssimo a pena dar uma bisbilhotada.


Valendo-nos das informações acima, 
proponho que neste próximo dia 31 nós exaltemos o nosso riquíssimo folclore!
E aos meus camaradas pedagogos, 
o que acham de trabalharmos com nossos pupilos o Saci ao invés da Bruxa?
Pedagogos, uni-vos!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Captain! My captain!

"Oh capitão! Meu capitão! nossa viagem medonha terminou;
O barco venceu todas as tormentas,
     [o prêmio que perseguimos foi ganho;
O porto está próximo, ouço os sinos, o povo todo exulta,
Enquanto seguem com o olhar a quilha firme,
     [o barco raivoso e audaz:
 

Mas oh coração! coração! coração!
Oh gotas sangrentas de vermelho,
No tombadilho onde jaz meu capitão,
Caído, frio, morto.
 

Oh capitão! Meu capitão! erga-se e ouça os sinos;
Levante-se – por você a bandeira dança – por
     [você tocam os clarins;
Por você buquês e fitas em grinaldas -
     [por você a multidão na praia;
Por você eles clamam, a reverente multidão de faces ansiosas:
 
Aqui capitão! pai querido!
Este braço sob sua cabeça;
É algum sonho que no tombadilho
Você esteja caído, frio e morto.
 
Meu capitão não responde, seus lábios
     [estão pálidos e silenciosos
Meu pai não sente meu braço, ele não 
     [tem pulsação ou vontade;
O barco está ancorado com segurança
     [e inteiro, sua viagem finda, acabada;
De uma horrível travessia o vitorioso barco
     [retorna com o almejado prêmio:
 
Exulta, oh praia, e toquem, oh sinos!
Mas eu com passos desolados,
Ando pelo tombadilho onde jaz meu capitão,
     [
caído, frio, morto."





Walt Whitman

Poema traduzido do poeta e jornalista do século XIX, 
considerado por muitos "pai do verso livre".


Um sopro de excitação!


        

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Brinde solitário.



Um café amargo para equilibrar a sobremesa.

...ou despertar o sorriso escondido na rotina.


Um café doce para brindar a tarde que se esvai. 


...ou para intensificar o gosto de um beijo.

Mentes etéreas, que habitam corpos orgânicos demais.

Ás vezes questiono por que um habita o outro e quem habita quem.
Questiono se realmente deveria haver obrigatoriedade em suas co-existências, já que as mentes limitam-se às correntes que as mantêm presas em seus corpos e os corpos compensam a prisão de suas mentes entorpecendo-as com o que lhes é palpável.
Penso em corpo e mente e apaixono-me mais pela idéia de ser mente, vendo minha utopia romântica comprovar-se no descompasso de uma enfermidade.
Quando não sucumbo ao desgaste desgasto-me num tombo. 
Quando não tombo é o desgaste que tomba por mim.
(...)
Pois quando o sol se põe sinto um incontrolável desejo de correr atrás dele, mas sou matéria demais para entregar-me às esperanças inocentes de uma mente que não compreende as limitações físicas.
Fico à contemplá-lo vencida pela gravidade que incide sobre meu corpo, administrando o desalento causado pela dualidade de Ser e Humano.

Prazeres normais não me satisfazem e tampouco eu satisfaço a normalidade.
Quando me olham veem meu corpo.
E este impressiona enquanto engana contendo-se numa implosão.
Porém, a mente sempre explode para sobrepor-se às restrições do corpo que não pode explodir sem destruir-se.
E ao ser mente que explode, espalha, recolhe e reconstrói comprovo que nenhuns ninguéns consegue me absorver.
Pois pronomes referem-se aos corpos.
E mentes não almejam absorção...

Ao final, transfiguro-me num pássaro que encontra graça ao alçar voo por sobre seus próprios dilemas.
Pássaros não desejam gaiolas, mas precisam de um poleiro
Porém, sinto que o tempo permanecido no céu fortalece minhas asas
E o voo perdura...

sábado, 10 de setembro de 2011

Texto nenhum.


     Escrevo pura e simplesmente pelo prazer de escrever.
     Porque brincando de grudar letra na outra tecemos nossa pequena liberdade de expressão; 
     E criando contraste entre palavras e um fundo virgem contribuímos com o embelezamento do mundo, pois a espécie humana carrega o poder infinito de exteriorização de beleza intrínseca.

     Hoje, enjaulada por quatro fortes braços de concreto que não me impedem de exercer esta simples e pequena liberdade, sucumbo aos avanços tecnológicos e derreto-me numa prosa virtual.
     Meu papel é uma janela de vidro que não exibe alvoreceres ou auroras; que não tem cheiro e tampouco cores reais; que não me resseca os dedos pelo toque, todavia ofusca minha visão com sua luz artificial obrigando-me assim a umedecer os olhos, vez ou outra.

     Para mim, basta um pseudônimo qualquer para garantir o vôo da comunicação, onde as palavras dão-se as mãos e deslizam sobre nossa mais bela e preciosa herança cultural: a linguagem!

    


     As divagações envolvem a noite onde a hora se esquecerá de despertar, deixando o outro dia pra depois.
    
     E num beijo, o escritor, a noite e o léxico não contextualizam tema nenhum, pois isto não é texto nenhum.