quinta-feira, 15 de março de 2012

Nada mais é por amor

"As pessoas que amei, amo até hoje"

Pois um dia, numa das nossas passadas filosofias sobre os lençóis, os óculos de grandes lentes me perguntaram se eu já havia amado. Não soube lhe responder, mas soube compreender sua relação com todas as pessoas que passaram por sua vida, e ficaram...
Realmente deve ser assim. O que torna o amor indiferente.
Eu provavelmente devo ter amado. O que torna desimportante o ato do amor.

Atos importantes?
Minha ausência no trabalho devido a uma intoxicação por tinta esmalte, depois de uma tarde voluntária repintando o parquinho de uma OSCIP de azul... 
Os minutos que eu "roubo" da instituição de manhã quando atraso, ou as horas enferma que me tornei inútil na cama e impossibilitada de picar o cartão, se multiplicam descomunalmente quando a responsável financeiro dedica seus sermões a mim, quando não desconta no pagamento ou banco de horas. Em contrapartida as horas que eu doo pra mesma instituição ou as funções extras executadas, que não conferem ao meu cargo, mas faço porque gosto ou porque meus camaradas precisaram de mim, passam despercebidas. Oh!
E o ócio casual que me obriga a inventar serviço pelo medo da iminente ameaça de demissão por ônus, mas não me concede a honra de gastar esse tempo duplamente inútil no cuidado com minha vida particular, que é jogada pra segundo ou terceiro plano junto com a roupa suja, a casa bagunçada, as pilhas de material pra estudar, a saúde meio esquecida, o lazer substituído por consumo, os entes da família que a gente ama... Mas nos dias de maior agitação, quando o que multiplica-se são as tarefas, ficamos em nossas respectivas instituições, em horário extra-contratual, executando sem questionar o que nos é pedido (e, apesar de ser um acordo legislativo, muitas dessas horas extras não são remuneradas financeiramente...).

O equilíbrio dar-se-ia por uma suposta flexibilidade no tal Contrato Trabalhista? Na abolição dos contratos?? tsc...
"Hoje terminei mais cedo, vou pra casa. Amanhã apareceu mais afazeres, trabalho mais..." 
Uau! Isso soa... normal?? 
Já imaginaram quer bonitinho seria um mundo onde as relações interpessoais se estabelecem pelos ideais, pelos valores intrínsecos, condizentes entres as partes? Onde a fidelidade edifica-se na esperança de um real cooperativismo, uma transformação, ascensão social? No coletivo? Na evolução? Um mundo onde as pessoas não traem, não mentem, pois não há uma assinatura arquivada no fundo da gaveta à espera do "desvio de caráter".
!?!
Mas que caráter é esse que varia de acordo com os interesses do sistema político-econômico?
O caráter nada mais é que um chocolate derretido dentro da caixa de bombons da nossa moral. A caixa varia suas cores, tamanhos e formatos conforme localização geográfica (sim, é cultural!) e os bombons são moldados para caberem na caixa. Nada mais.
É como qualquer doutrina invisível, como a fé... Nada mais é por amor, e sim por temor.
Te pergunto, o amor existe? Explica ele pra mim...?

Não vejo Deus,
vejo o poder econômico.
Não tenho fé,
tenho uma porção de vínculos sociais.
Não observo afinidade,
É massificação.
Grandes opiniões?
Apenas papagaios vendados, conformismo... 

"Se não lhes permite ter padrões de comparação nem ao mesmo se dão conta que são oprimidos (...)"

"O problema é educacional. É um problema moldar continuamente a consciência tanto do grupo dirigente como do grupo executivo, mais amplo, que fica logo abaixo dele. A consciência das massas precisa ser influenciada apenas de modo negativo. (...)"


Pra minha amiguinha de filosofias sociais, Veri!
E pro Rica, com quem adoro dividir minha tortura mental!rs 

quinta-feira, 1 de março de 2012

Razão irracional.

Sentei aqui para confessar
que as vozes das pessoas entopem meus canais auriculares, como zumbidos de vespas, antes de se tornarem água, iminente ameaça de me afogar (...)

Sentei aqui para confessar
que ontem a noite ensurdeci e submergi, debaixo dum toldo,
e que meu medo ocupa o lugar de um Deus (...)




Sim...
Ela tem razão em tudo o que disse.