sábado, 9 de junho de 2012

Uma dor.

Pelos comprimidos que me engoliam no banheiro da escola anos atrás...
Pelas lâminas que retalharam meus pulsos e coxas...
Eu sei,
que construí meu moralismo na sombra de quem nunca fui.
E que nunca pude me vestir de luz.

Eu sei,
que a amizade é muito mais que uma relação interpessoal de prazer, troca ou segurança social;
Ela não segue um roteiro e não há um manual dos "comos"e "porquês" agir.
Na amizade é o silêncio que que estabelece as regras, descartando quaisquer explicações.

Não me peça (não!), não me peça pra te dizer porque teu desejo me fere.
Não há razão na minha dor, apenas o aperto de ver que você se esqueceu de me colocar na balança das suas vontades.
Você é impulso e sempre foi,
e foi sedenta que descobriu todas as cores que há no mundo.
Bebeu-as, inalou-as... e se fez mulher.
Admiro a luz das tuas asas,
e a escuridão dos labirintos da sua mente.
Admiro a força motriz dos seus saltos,
mesmo quando eles te levam a estatelar a cabeça no teto.
Admiro a ânsia da tua alma de querer mais e mais,
mesmo que me sufoque com seu pedido simples.

Pelos comprimidos que me engoliram no banheiro da escola anos atrás...
Pelas lâminas que retalharam meus pulsos e coxas...
Eu sei,
que você sempre abriu a porta e trocou a companhia do vazo sanitário pela sua.
sempre me trouxe adrenalina que eu procurava mergulhando no meu próprio sangue.
Eu sei,
que você sempre esteve lá.

Mas não me peça pra ter olhos secos ao ver você sorrindo na casa que um dia eu te recebi.