sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Brinde solitário.



Um café amargo para equilibrar a sobremesa.

...ou despertar o sorriso escondido na rotina.


Um café doce para brindar a tarde que se esvai. 


...ou para intensificar o gosto de um beijo.

Mentes etéreas, que habitam corpos orgânicos demais.

Ás vezes questiono por que um habita o outro e quem habita quem.
Questiono se realmente deveria haver obrigatoriedade em suas co-existências, já que as mentes limitam-se às correntes que as mantêm presas em seus corpos e os corpos compensam a prisão de suas mentes entorpecendo-as com o que lhes é palpável.
Penso em corpo e mente e apaixono-me mais pela idéia de ser mente, vendo minha utopia romântica comprovar-se no descompasso de uma enfermidade.
Quando não sucumbo ao desgaste desgasto-me num tombo. 
Quando não tombo é o desgaste que tomba por mim.
(...)
Pois quando o sol se põe sinto um incontrolável desejo de correr atrás dele, mas sou matéria demais para entregar-me às esperanças inocentes de uma mente que não compreende as limitações físicas.
Fico à contemplá-lo vencida pela gravidade que incide sobre meu corpo, administrando o desalento causado pela dualidade de Ser e Humano.

Prazeres normais não me satisfazem e tampouco eu satisfaço a normalidade.
Quando me olham veem meu corpo.
E este impressiona enquanto engana contendo-se numa implosão.
Porém, a mente sempre explode para sobrepor-se às restrições do corpo que não pode explodir sem destruir-se.
E ao ser mente que explode, espalha, recolhe e reconstrói comprovo que nenhuns ninguéns consegue me absorver.
Pois pronomes referem-se aos corpos.
E mentes não almejam absorção...

Ao final, transfiguro-me num pássaro que encontra graça ao alçar voo por sobre seus próprios dilemas.
Pássaros não desejam gaiolas, mas precisam de um poleiro
Porém, sinto que o tempo permanecido no céu fortalece minhas asas
E o voo perdura...

sábado, 10 de setembro de 2011

Texto nenhum.


     Escrevo pura e simplesmente pelo prazer de escrever.
     Porque brincando de grudar letra na outra tecemos nossa pequena liberdade de expressão; 
     E criando contraste entre palavras e um fundo virgem contribuímos com o embelezamento do mundo, pois a espécie humana carrega o poder infinito de exteriorização de beleza intrínseca.

     Hoje, enjaulada por quatro fortes braços de concreto que não me impedem de exercer esta simples e pequena liberdade, sucumbo aos avanços tecnológicos e derreto-me numa prosa virtual.
     Meu papel é uma janela de vidro que não exibe alvoreceres ou auroras; que não tem cheiro e tampouco cores reais; que não me resseca os dedos pelo toque, todavia ofusca minha visão com sua luz artificial obrigando-me assim a umedecer os olhos, vez ou outra.

     Para mim, basta um pseudônimo qualquer para garantir o vôo da comunicação, onde as palavras dão-se as mãos e deslizam sobre nossa mais bela e preciosa herança cultural: a linguagem!

    


     As divagações envolvem a noite onde a hora se esquecerá de despertar, deixando o outro dia pra depois.
    
     E num beijo, o escritor, a noite e o léxico não contextualizam tema nenhum, pois isto não é texto nenhum.