Ás vezes questiono por que um habita o outro e quem habita quem.
Questiono se realmente deveria haver obrigatoriedade em suas co-existências, já que as mentes limitam-se às correntes que as mantêm presas em seus corpos e os corpos compensam a prisão de suas mentes entorpecendo-as com o que lhes é palpável.
Penso em corpo e mente e apaixono-me mais pela idéia de ser mente, vendo minha utopia romântica comprovar-se no descompasso de uma enfermidade.
Quando não sucumbo ao desgaste desgasto-me num tombo.
Quando não tombo é o desgaste que tomba por mim.
(...)
Pois quando o sol se põe sinto um incontrolável desejo de correr atrás dele, mas sou matéria demais para entregar-me às esperanças inocentes de uma mente que não compreende as limitações físicas.
Fico à contemplá-lo vencida pela gravidade que incide sobre meu corpo, administrando o desalento causado pela dualidade de Ser e Humano.
Prazeres normais não me satisfazem e tampouco eu satisfaço a normalidade.
Quando me olham veem meu corpo.
E este impressiona enquanto engana contendo-se numa implosão.
Porém, a mente sempre explode para sobrepor-se às restrições do corpo que não pode explodir sem destruir-se.
E ao ser mente que explode, espalha, recolhe e reconstrói comprovo que nenhuns ninguéns consegue me absorver.
Pois pronomes referem-se aos corpos.
E mentes não almejam absorção...
Ao final, transfiguro-me num pássaro que encontra graça ao alçar voo por sobre seus próprios dilemas.
Pássaros não desejam gaiolas, mas precisam de um poleiro
Porém, sinto que o tempo permanecido no céu fortalece minhas asas
E o voo perdura...