domingo, 26 de fevereiro de 2012

Excêntrica

No café da manhã ela comeu dominação ideológica disfarçada na inocência de um cereal matinal infantil, como bolinhas de futebol sabor chocolate, acompanhado por uma Heineken geladinha que suavizava a excentricidade da absorção de sua própria inconsciência.
(...)
Pára. Era só o desjejum do domingo...



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Escrevi um post gigante, postei e depois desisti, revertendo-o para rascunho.
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Reflexão do dia (dispensada a mim mesma): sua imbecilidade desperdiça tempo e espaço. 

Reflexão do dia (dispensada a mim mesma e a você também): o mundo está cada vez mais recheado de crentes fanáticos. Não, não é a epidemia da fé, tomada de consciência ou prenuncia de qualquer intervenção espiritual para um mundo melhor. É só desespero coletivo.

À Li.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Pseudo consciente.
PSEUDO, pref. Elemento que entra na composição de várias palavras com a significação de falso.

Com a lata de ponta-cabeça tudo fica contraditório... Aff! Esse texto não vai ter pé, nem corpo, nem cabeça! Coerência, consciência... Estou a ponto de sucumbir, fazer besteira!!!
(...)

O dicionário me pede reforma, toda vez que é aberto e suas folhas soltas fogem, libertas pelo descuidado da cola e da linha; descuidado meu, onde o cúmplice é o vento que as hélices do ventilador promove...
Linha de pensamento, de roupa, linha que prende, me prende, prende a roupa a mim e a mim aos pensamentos. Linha que eu estouro pelo prazer da desconexão, por não suportar estar conectada...
É! Moedor de amarguras... Ok.

PS: Que fiquei claro que amo meu trabalho, mas nessa sexta-feira preciso (necessito) mandar um FODA-SE!!!!!!!!! às horas extras e filantropia em finais de semana!
Aiiii, desculpa, amo muito o que eu faço, mas há dias em que não queria ser eu, nem fazer metade do que faço! E ao mesmo tempo tem horas que queria ser um robô e fazer exatamente tudo o que faço, abstraindo sentimentos e necessidades fisiológicas...
Sim... amanhã às nove horas a gente se encontra, Sra. Filantropia... (ou terei coragem de negá-la, cumprir a promessa que sempre adio ao menino de quatro anos e simplesmente andar de skate na praça sete, tomando sorvete?????????)


Já que a probabilidade de ninguém ler esse post é grande, vou aproveita a sensibilidade que a cerveja me emprestou e escrever tudo (A Heineken estava muuuuito barata no mercado 24h!) !

Poxa, acho que estressei! E nesses casos sempre acabo recorrendo ao "metamorprosenado", meu lado acinzentado, onde posso esquecer da minha verdadeira identidade e mandar alguém se foder!
É... hoje eu QUERO muito mandar alguém se foder... Quem???
Há! Meu melhor amigo (quantos anos, Bill???, FDP que nunca leu meu blog e eu posso te xingar à minha vontade, por ser um N. FDP! Por estar pouco se fodendo -e se fodendo!!!!!!- com sua vida e com as pessoas que fazem parte dela...)
Foda-se, foda-se, foda-se, você não vai ler, Bill, você vai esticar uma carreirinha e cheirar, e vai mentir pra mim amanhã! FDP, como eu queria falar isso pra você! Que eu odeio a forma como te amo! Como odeio lembrar dos primeiros dias em que eu era a menina de sítio sem contatos urbanos, quem nem falava, apaixonada pela dança que me foi oferecida aos sábados onde você era o tal do professor, que me estendia arte e abrigo, que me oferecia um prato de comida simples na casa da sua avó, guerreira daquele bando suburbano (era carne, feijão, arroz. Era café doce, cigarro Eight, rima no seu quarto, confissões dos seus primeiros amores... Era o rei das cantadas inteligentes! Lembra, N.?? Tens memória aí?)
FDP!! Queria conseguir falar um grande palavrão pra você!!
Só pra você me odiar!! Me odeie, me odeie!!!!!!
Quero que me odeie, pois eu te odeio agora, quando não consigo ter as rédeas da tua vida!
Quando nem você consegue tê-las...
Está entregue, FDP! Você caminhou pelas passarelas contornadas pelo pó branco, brilhante, lindo...
FDP, será que sabe que eu cheiraria uma com você hoje????
Mente pra mim porque acha que eu sou careta???
Vai pro inferno... sabendo que SIM, eu cheiraria contigo hoje!
Vai pro inferno e lá lembra das notas de cinquenta do pagamento do Dri, que a gente tirava uma onda e cheirava, cheirava, cheirava, cheirava... na Igreja, na casa dos trafi.... no seu quarto, no meu quarto, no quarto da Nãna, esquinas e praças... tanto faz... acha que sou uma idiota????? O que acha que eu sou???
Porque mente pra mim?!?!?!?!?!
Acha que eu não gosto?? Que virei uma beata??? Careta??????
Vai se foder, F. L. da Silva!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Eu te odeio hoje!!!!!!!! Porque te amo!... FDP!

Há! Será que sabe que você é o humano com o qual me relaciono a mais tempo -salvo meus entes que compartilham ligações sanguíneas- nessa minha vida medíocre????
Minha vida é medíocre, Bill!!! Acha que você é o único caipira fodido do mundo????
É porque eu sorrio?? Sabia que meus sorrisos são irônicos? Que eu odeio a vida?
Sabia sim... você sabe tudo de mim quando lembra de não se esquecer....
Esqueceu de se lembrar de mim... Ahhh! Vai pro inferno!
(...)

Voltando ao meu dicionário...
Talvez não o restaure pela própria liberdade de incongruência... pela simbiose, por nos identificarmos assim (deformados, livres). Por não me sentir sozinha ao olhá-lo em cima da estante e só conseguir folheá-lo, folheá-lo, folheá-lo e folheá-lo! Faminta, fome das regras aprovadas unânimemente na sessão de 12 de agôsto de 1943 pela Academia Brasileira de Letras (...) !



(Ok... Bad day... Se ocê ler, Rica, pensei em você enquanto me sentia morta...)

http://letras.terra.com.br/nana-caymmi/797672/


(Obs.: preciso pedir desculpas à Dona Toninha, xinguei-a demais...)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

"existência"

Estou achando um saco ficar aqui esperando o sono.
Ficar aqui convivendo com o sono.
Ficar aqui.

Ficar aqui, pois eu preciso estar aqui quando o despertador tocar amanhã.
Ficar aqui simplesmente pra sair daqui e encarar toda a vida projetada que exige meus sorrisos.
Que exige, exige, independentemente de eu ter pra dar.
Mas eu sempre acabo tendo, né? Sobrevivi até então...

Eu fico aqui, plenamente consciente de que poderia ser bem pior.
Eu fico porque já foi, e ao meu redor ainda é.
Eu fico, pois pra onde iria??

Acho que estou cansada, do tal do "script" que tenho que seguir.
Estou cansada de conviver com minha sobriedade, com minha solidão, cansada do mesmo itinerário, dos seis ônibus t-o-d-o-d-i-a, do barulhinho da máquina de picar cartão... Cansada de calar quando devo falar, de vomitar quando deveria conter... Cansada da oscilação de humor, das fantasias sobre o sofrimento da princesa liberta pelo príncipe encantado... Eca!! Cansada das mandíbulas da filantropia, da "devoção, devoção, devoção!"... Cansada de esperarem ainda mais de mim, mais do que estou a fim de dar! Cansada de sempre fazer com perfeição t-u-d-o-o-q-u-e-e-u-t-e-n-h-o-q-u-e-f-a-z-e-r! Cansada do cansaço, do ócio, até dos meus próprios prazeres... Cansada dos papos das meninas da faculdade, do silêncio dos meus passos quando eu fujo de todo mundo... Cansada de negar convites, de dobrar esquinas pra não cumprimentar conhecidos... Cansada das espinhas na minha cara, da dor que eu tenho no pé... Cansada de ser a estranha, a deslocada, ou exemplo, o xodó... Cansada de não gostar de ninguém só pra reclamar que fiquei sozinha no final... Cansada da cobiça, sempre seguida pela rejeição... Cansada do tempero de encanto e complexidade... Cansada dos elogios, das críticas, dos livros, dos muros, menos do meu violão... Cansada de estar cansada e não saber como descansar...
Minha mãe diz que eu não sei relaxar, só esqueceu de me mostrar onde está o botão para o "off".

(...)
O sol vai sorrir assim que eu conseguir costurar minhas pálpebras e, na boa, eu sei que minha primeira vontade do dia será a de jogar um lençol pra cobri-lo (desculpa amigão de ouro, não é nada pessoal, você sabe que eu te adoooro). Porque quando o sistema ver a luz já estarão esperando por mim, indiferentes ao meu estado de humor, espírito, afetividade ou disposição.

Querem saber o que torna suportável essa vida onde o vazio transborda??
Depois que sorrio, pico cartão, belisco umas retóricas, visto o jaleco, formo a fila com as crianças, entro na sala, abro a janela, eu fecho a porta...


E então é possível "existir".

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Bora pra um bar?

As quintas precedem as sextas... As sextas são exatamente iguais as quintas, mas gostamos mais delas porque podemos nos vestir com a lembrança de dias liberados pelo calendário onde as bundas beijavam sofás, ou sair pra degustar o que a indústria cultural (o que era cultura mesmo?) nos oferece mascarando a alienação na nossa forma de nos divertirmos... A gente trabalha interruptamente e depois das feiras o esperado "final de semana" é um convite na caixa de correio endereçado à nós e ao descanso, encontro romântico no boteco mais simpático (ou menos simpático, daí entram as preferências pessoais, tsc). E boteco é o que sobrou como entretenimento na Era onde a cultura é comércio.
"Não tenho patrão por algumas horas!! Hurra!!!!"
"Ninguém me impede de encher a cara!! Hurra!!!!"
Então a gente senta pra escutar falar e fazer-se ouvir no auto-engano de achar que a mesa do bar, a discoteca e até aquela praça atulhada não faz parte do sistema.
Tsc duplo...


Pendurei a fantasia ao lado da cama, pra vestir minha humanidade amanhã e cumprir um dos meus papéis sociais que veio sem roteiro...
Ao ator que anda tropeçando em meus enredos eu improviso a fala final, sobre os versos dedicados a mim e a Li: 

Você olha no espelho e vê a sombra de um homem que está em algum canto do quarto.
Um covarde não admite sua covardia.
Um relógio não tem importância alguma quando sabemos que o tempo é subjetivo e, sendo assim, a felicidade é atemporal! :)
A gente só se lembra do que faz parte ainda do presente, menino, e ser arremedo de si mesmo é melhor que não ter nada pra imitar...
Sim!! Você toca numa banda de rock!!!!!!!
rs

Planto aqui um beijo pra você, Will.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Reclames de sábado a noite

Neguei a surpresa que alguém planejou pra mim e me enrolei com uns livros, uns blogs e fotologs.
Na falta de um amigo pra conversar ou um namorado pra trepar, eu leio. 
Outro sábado a noite e, antes de eu me desconectar das redes virtuais, minha lista offline estava completa. Não que eu me importe, pois foi por uma crítica feita pelo meu irmão acusando minha vida a-social e defendendo a parcela de futilidade necessária a sanidade mental que eu não agregava à rotina, que nasceu meu personagem virtual, com apelido e foto. 
Eis-me aqui, interagindo com a duplicidade solitária de estar em mim e a minha frente, dividida entre duas e eu mesma, somando todas e não restando nenhuma.
Eis-me acomodando meu egoísmo entre os travesseiros pra admirar sozinho o espetáculo que a lua crescente traz à janela. Sua luz escancara o espaço que esvaziei do meu lado, preenchido pela culpa de não me importar em deixá-lo esperando...
Estranho ele ser um cara bacana, que customizou algumas horas de seu precioso relógio para me entregar, assim, sem maiores intenções, só porque gostava de mim... Estranho eu ser uma menina sozinha, saudável e desimpedida e descartar uma boa oportunidade de trocar minhas reclamações por um sorriso no rosto.
...e agora estamos aqui, cobertos de silêncio, cada um em sua casa, sozinhos, comendo por esporte e distraindo a melancolia com combinações léxicas dispensadas a nós mesmos.

A verdade é que já me acostumei em ter o espaço vazio, em administrar o silêncio inodoro, fiel, previsível e cômodo. A verdade é minha dependência emocional da auto-privação, meu vício na dor que já nem sinto. A verdade é que depois de tanto tempo, me tornei egoísta e incapaz de compartilhar.


E então me lembrei do dia em que ele me perguntou se eu já havia amado alguém.
A resposta é "não sei", pois quando lembro da intensidade dos sentimentos que envolveram relações passadas, posso até dizer que sim, mas ao calcular a rapidez com que me esqueci desses caras, duvido das minhas próprias afirmações.