Na falta de um amigo pra conversar ou um namorado pra trepar, eu leio.
Outro sábado a noite e, antes de eu me desconectar das redes virtuais, minha lista offline estava completa. Não que eu me importe, pois foi por uma crítica feita pelo meu irmão acusando minha vida a-social e defendendo a parcela de futilidade necessária a sanidade mental que eu não agregava à rotina, que nasceu meu personagem virtual, com apelido e foto.
Eis-me aqui, interagindo com a duplicidade solitária de estar em mim e a minha frente, dividida entre duas e eu mesma, somando todas e não restando nenhuma.
Eis-me acomodando meu egoísmo entre os travesseiros pra admirar sozinho o espetáculo que a lua crescente traz à janela. Sua luz escancara o espaço que esvaziei do meu lado, preenchido pela culpa de não me importar em deixá-lo esperando...
Estranho ele ser um cara bacana, que customizou algumas horas de seu precioso relógio para me entregar, assim, sem maiores intenções, só porque gostava de mim... Estranho eu ser uma menina sozinha, saudável e desimpedida e descartar uma boa oportunidade de trocar minhas reclamações por um sorriso no rosto.
...e agora estamos aqui, cobertos de silêncio, cada um em sua casa, sozinhos, comendo por esporte e distraindo a melancolia com combinações léxicas dispensadas a nós mesmos.
A verdade é que já me acostumei em ter o espaço vazio, em administrar o silêncio inodoro, fiel, previsível e cômodo. A verdade é minha dependência emocional da auto-privação, meu vício na dor que já nem sinto. A verdade é que depois de tanto tempo, me tornei egoísta e incapaz de compartilhar.
...e agora estamos aqui, cobertos de silêncio, cada um em sua casa, sozinhos, comendo por esporte e distraindo a melancolia com combinações léxicas dispensadas a nós mesmos.
A verdade é que já me acostumei em ter o espaço vazio, em administrar o silêncio inodoro, fiel, previsível e cômodo. A verdade é minha dependência emocional da auto-privação, meu vício na dor que já nem sinto. A verdade é que depois de tanto tempo, me tornei egoísta e incapaz de compartilhar.
E então me lembrei do dia em que ele me perguntou se eu já havia amado alguém.
A resposta é "não sei", pois quando lembro da intensidade dos sentimentos que envolveram relações passadas, posso até dizer que sim, mas ao calcular a rapidez com que me esqueci desses caras, duvido das minhas próprias afirmações.
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