sexta-feira, 20 de maio de 2022

 Eu tinha uma lista de compras pra fazer. E várias conjecturas implorando pra serem grafadas no meu diário, Mas eu tinha pouco tempo, pois logo seria a hora de entrar no carro e cuidar de um dos três.. Então liguei o computador pois meus dedos teclam mais rápido do que marcam o papel e eu ansiava por uns minutinhos para mim, pra tirar de dentro do meu peito as angústias que ultimamente eu não conseguia dividir com ninguém.

Era muita coisa acontecendo contra a minha vontade e acho que isso deve ser uma das coisas mais complicadas pro ser humano. Mas eu tava levando... escolhas que não fiz, dias que não queria enfrentar e amanheceres cheios de resignação.

Acho que era essa a palavra: RESIGNAÇÃO.

Pois o que mais eu poderia fazer?

Só sei que tudo aquilo era muito e eu tinha vontade de chutar metade das situações que eu estava vivendo. Não me sentia obrigada, mas havia algo me segurando e eu não entendia o que.

Como estava à espera do quarto serumaninho pra vir pros cuidados da mamãe, pensava muito sobre os hormônios que explodem o corpo da mulher e sabia que não poderia tomar nenhuma decisão muito drástica nesse momento.

Mas a única coisa que me confortava naqueles dias era fantasiar que eu tinha chutado o balde, arrumava uma casinha pequena e aquecida bem no centro da cidade, onde a trabalheira era reduzida e eu podia criar meus meninos com mais conforto e um pouco de paz.

PAZ.

Faz muito, muito tempo que não experimento essa sensação. E eu tava doida pra vivenciar um pouco dela e não sabia como.

Não rolava pagar terapia, pois ultimamente não tava rolando nem pagar todos nossos boletos no mesmo mês.

Acho que isso era um agravante pra que eu ficasse estagnada aqui, no frio, me sentindo exausta, sugada. Mas eu sabia, que era só uma fase e que em algum momento as coisas iam se assentar e eu teria um clarão e tomaria minha decisão sem que dúvidas assolassem meu coração.

Minha hora ia chegar... eu sentia.

Então espirei fundo e desliguei o computador.

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