quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Sobre nossas versões anteriores...

Daí ele me pediu para escrever pra ele, revertendo uma imagem que criei aqui de sua paternidade antes dela acontecer, num desses rompantes hormonais que a gente tem na gravidez...
Então, mãos à obra! Pois ele merece, senhoras e senhoes!

Vamos à primeira consideração (filosófica e política, além de íntima e confessional): o ser humano não é estático. Não nasce pronto, tampouco dá conta de sustentar qualquer verdade do começo ao fim da vida, sem transformar seu olhar à medida que altera sua posição no mundo e o alcance de sua visão.
Vou explicar com menos poesia: essa pandemia, por exemplo, jogou isso na cara de todo mundo. De uma hora para outra fomos obrigados a nos reinventar, aprender coisas novas e novas maneiras de nos relacionarmos. Fomos obrigados a olhar para as escolhas que fizermos e colcarmos em prática muita coisa que era apenas discurso. Ficamos frente a frente conosco e infinitamente distântes de nossa zona de conforto. Ah, e ainda tivemos que ser produtivos para a sociedade capitalista. Tsc...
Deu pra sentir o que eu quis dizer com o exemplo? Faz parte da gente mudar. E a dona vida vive inventando jeitos de nos forçar a isso. O "modo Covid-19 de existência" foi só um...

Quando engravidei eu fiquei como toda grávida: instável e desesperada frente às mudanças que estavam acontecendo (Cara, são de longe as mais radicais!).  Recolhi todos os dados que minha memória havia guardado sobre meu relacionamento com o pai do meu bebê ainda em fase de gergelim e reagi. Eu só podia contar com aquilo naquele momento, e comigo mesma. 
Foi uma fase bacana. Hororosa. Linda. Assustadora. A mais rica em oportunidades! E positiva, no fim das contas...
E então, depois que administrei aquele exército de hormônios e decidi que fantasma não existia, reencaixei minha vida na do doador de esperma do Cícero! (Essa foi pra te provocar, amor!rs)
E finalmente estávamos prontos para sermos "pai" e "mãe", pois esses são papéis sociais e não condições biológicas definidas pelo gênero do seu nasciemtno.
Eu queria ser mãe e ia gerar um neném. Ele queria ser pai e tinha semeado um neném. Pimba!
Nasceu!
E enfim éramos novas duas pessoas, modificadas pelo milagre da vida e a elasticidade humana!

Portanto, o ser humano precisa da oportunidade pra ser e do poder de escolha para ser melhor ainda.
E quando, num post desses por aí eu resumi você, Necho, em três minutos de contribuição pro evento Cícero, eu ainda não tinha visto você assumindo tão magnanimamente bem seu papel de pai. Pai, com P maiúsculo!

Então esse foi meu erro, julgar você antes de vê-lo em ação. Antes da condição imposta pela mudança e da escolha de ser o melhor que já havia sido!
E só pra constar: se você não estivesse aqui comigo, construindo essa família e me dando a oportunidade do confronto evolutivo, eu sairia perdendo. Muito.
Você é um pai além das palavras.
E o maior amor que vivi nessa minha vida!
Te amo, preto!

Aliás, FELIZ DIA DOS PAIS!

Um comentário:

  1. Que lindo! Que bom que a vida é dinâmica e assim proporciona esses momentos de transformação.

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