Ele não era gordo, mas via-se pela coluna ereta num porte requintado que apreciava a boa culinária, ou ao menos bons vinhos. Vestia-se simplório, porém a elegância dos gestos e o tom polido da voz traziam ao velho toda a pompa de alta casta social.
Sua presença impunha silêncio na sala, sem sufocar os presentes, e o sorriso omitido pela máscara do papel que cumpria atrás da mesa de madeira trabalhada proibia qualquer um de sorrir. Havia discordância entre sorriso e dinheiro e receio não declarado de que descontração espanta o lucro obtido na ação que ele se prestava em assinaturas de cheques. Não era autoritário, mas autoridade natural. Não ditava nenhuma regra, mas os presentes pareciam haver ensaiado cuidadosamente os passos para aqueles instantes. Poderia haver então, talvez, culpa por saber que a gente simples do lado oposto de quem vomitava tira de papel pela calculadora se desdobraria para pagar todos aqueles juros que ele calculava e que outrora -bons tempos, lembrava com pesar- não eram cobrados.
Mas o que mais chamou a atenção da menina não foi a distinção da figura curiosa que observava pela primeira vez; não foram seus discursos coerentes sobre a epidemia da ausência de fé e da transvaloração da ética religiosa; não foi o fogo contido pelos óculos quadrados enquanto fumegava pelos lábios críticas para a levianidade das pronúncias de quem se diz cristão e inverte o lugar de cristo, ocupando com perjúrios ou humanizando-o por demais... Perfurou o olhar da menina ao indagá-la por três vezes: "O que é se?", "O que é Deus", "O que é querer?". Encontraram, então, uma dúvida, uma divindade onipotente e uma mera vontade... E incendiaram a sala com os regojizos de quem já comeu de mais e o apetite de quem inicia-se na degustação... "Se Deus quiser" ... ela ria enquanto ele vociferava. E ela dividia seu interesse entre o que ele falava e o silêncio que invadia o décimo terceiro andar de um prédio comercial pela grande janela aberta.
Pela janela ela via-se tudo: a cidade e além... via-se edificações e então os morros azulados que cercam a selva de prédios em que eles já estavam acostumados a viver. Via-se aquele céu que escondia o ouro atrás de nuvens de puríssimo algodão. Via-se pessoas do tamanho de formigas e um grande espelho feito de água no meio da praça.
E o velho falava, mas ás vezes suas palavras eram atiradas pela janela, ou roubadas pelo quadro pregado na parede às suas costas, exibido para a sede dela. Era o mundo em perspectivas passadas competindo com tanta televisão. Eram cores mortas, caras mortas, histórias passadas... Era o passado da história ao descaso de quem assiste essa tal teletransmissão... Era tudo o que ela queria sem jamais fazer menção, em seu horário de almoço, ao ser escalada à companhia de confiança da gerente financeira que requeria àquele empréstimo.
Ar condicionado, sorrisos? Trajes sociais, uma secretária seguindo os padrões da moda? Pelas estantes retratos dos filhos, mulher, cão?
Não... pois naquela sala havia uma grande janela e um antigo mapa mundi... E a menina sabia que eles haviam contado ao velho todos os segredos da vida.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Web, Web, Web ou biblioteca?
Parágrafo único: sobre a confiabilidade das fontes para pesquisa em rede virtual.
O primeiro ponto a ser considerado é o da subjetividade da realidade, contudo, da realidade virtual que por não existir num plano físico torna-se-á mais subjetiva ainda, construindo-se sobre passos num espaço abstrato.
Fomos socializados, isto é, ensinados a acreditar numa dada realidade, internalizando as morais do contexto. Até aí tudo certo, o mundo funcionava relativamente bem, mas aparece a Sra. Internet para vomitar com ferocidade informações vindas do além! Sim, pois eu não vejo de onde elas vêm, tampouco tenho garantia que amanhã estarão lá.
Salvo pelas fogueiras da Inquisição, é muito trabalhoso destruir material impresso, portanto há uma maior dedicação na produção desse material.
Consideração feita, convenhamos que qualquer ser animado e parcialmente racional produz conteúdo e disponibiliza na rede. Como pode um indivíduo confiar nessas informações enquanto estudante construtor de conhecimento? E que intermédio poderá fazer um professor que já nasceu ultrapassado, numa Era onde o próprio conhecimento se atropela chutando à descanteio métodos concretos de pesquisa? Ou então já estamos tão evoluídos que podemos passar a usar a intuição ao avaliarmos a veracidade do conteúdo de um site...
Para as tecnologias em geral, concordaremos que facilitam demasiadamente a existência humana. Todos sucumbimos às suas facilidades com satisfação, afinal, o que seria de mamãe ou do cônjuge se não carregássemos aparelho celular? E se o almoço tivesse que ser devorado frio ou, numa perspectiva mais otimista, remexido num taxo com o auxílio de uma colher que empapa à medida que aquece ao fogo? E se ao invés de e-mails tivéssemos que apelar às cartas ou pombos correios? E imaginem os docentes copiando à mão 80, 160, 240, 1000 avaliações para seus alunos periodicamente? E se não existisse o chocolate tal como o conhecemos? Já comeram cacau? Eca...
Então novamente para à Internet enquanto fonte de pesquisa, reencontramo-nos com o problema ao falarmos dessa facilidade, que promove a preguiça do corpo (que não emprega energias na busca pela fonte) e da mente (que não precisa pensar, é só dar um ctrl C, ctrl V), além do mais há tantas possibilidades na Internet, que os trabalhos escolares se tornam "desinteressantes"...
Decroly mencionou: "A escola (tradicional) engorda fisicamente e entorpece mentalmente". Essa frase incita minha curiosidade sobre o que esse educador de séculos passados diria se convivesse com a loucura que é a geração da Internet...
O primeiro ponto a ser considerado é o da subjetividade da realidade, contudo, da realidade virtual que por não existir num plano físico torna-se-á mais subjetiva ainda, construindo-se sobre passos num espaço abstrato.
Fomos socializados, isto é, ensinados a acreditar numa dada realidade, internalizando as morais do contexto. Até aí tudo certo, o mundo funcionava relativamente bem, mas aparece a Sra. Internet para vomitar com ferocidade informações vindas do além! Sim, pois eu não vejo de onde elas vêm, tampouco tenho garantia que amanhã estarão lá.
Salvo pelas fogueiras da Inquisição, é muito trabalhoso destruir material impresso, portanto há uma maior dedicação na produção desse material.
Consideração feita, convenhamos que qualquer ser animado e parcialmente racional produz conteúdo e disponibiliza na rede. Como pode um indivíduo confiar nessas informações enquanto estudante construtor de conhecimento? E que intermédio poderá fazer um professor que já nasceu ultrapassado, numa Era onde o próprio conhecimento se atropela chutando à descanteio métodos concretos de pesquisa? Ou então já estamos tão evoluídos que podemos passar a usar a intuição ao avaliarmos a veracidade do conteúdo de um site...
Para as tecnologias em geral, concordaremos que facilitam demasiadamente a existência humana. Todos sucumbimos às suas facilidades com satisfação, afinal, o que seria de mamãe ou do cônjuge se não carregássemos aparelho celular? E se o almoço tivesse que ser devorado frio ou, numa perspectiva mais otimista, remexido num taxo com o auxílio de uma colher que empapa à medida que aquece ao fogo? E se ao invés de e-mails tivéssemos que apelar às cartas ou pombos correios? E imaginem os docentes copiando à mão 80, 160, 240, 1000 avaliações para seus alunos periodicamente? E se não existisse o chocolate tal como o conhecemos? Já comeram cacau? Eca...
Então novamente para à Internet enquanto fonte de pesquisa, reencontramo-nos com o problema ao falarmos dessa facilidade, que promove a preguiça do corpo (que não emprega energias na busca pela fonte) e da mente (que não precisa pensar, é só dar um ctrl C, ctrl V), além do mais há tantas possibilidades na Internet, que os trabalhos escolares se tornam "desinteressantes"...
Decroly mencionou: "A escola (tradicional) engorda fisicamente e entorpece mentalmente". Essa frase incita minha curiosidade sobre o que esse educador de séculos passados diria se convivesse com a loucura que é a geração da Internet...
Portanto, para essa mera transeunte terrestre e navegante da rede, sites virtuais não substituem peregrinações em bibliotecas -que por incrível que pareça são várias espalhadas por quase todas as cidades! E sim! Elas têm cheiro! Já tentou cheirar o seu computador?
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Mais um comprimido
Escorregando pelo ribeirão de piche, minhas expectativas adiantavam-se às quatro rodas, impulsionadas pela ânsia de visualizar a notícia que viajou pelos tantos quilômetros de fios que transportam as vozes em tempo real e subjetivo.
Chegou a nós por esses fios que alguém havia surtado. Mas quando entramos na casa, deparei-me com várias pessoas montando seus medos sem nenhum equilíbrio e uma que a tudo enxergava claramente.
Não entendi então porque arrancaram-na da proteção do nosso casulo e deixaram que outro maluco de branco injetasse lucidez em sua veia.
Revoltei-me em meu silêncio e retirei do baralho da nossa moral a carta da lucidez, a fim de roubar-lhe todas as respostas que me faltavam.
Ela me contou que a sanidade é apenas uma casca, que envolve nosso ser antes das vestes do ente. Então somos essência, armadura e finalmente aparência. E a normalidade está na marcha do exército que mantêm suas armaduras intactas...
A verdade é que nós não aprendemos a conviver com a essência sem a proteção da armadura. Nossa introspecção é sempre para averiguar se a casca está bem colocada e se todo o ser mantêm-se preso dentro dela (e calado).
Ri por ironia, sem liberar expressão facial. Ri porque vi que eu soube retirar a armadura, mas minha premissa é sempre o silêncio onde conversam ser e ente, sobre a mesa posta com todas as loucuras que já me acostumei a saborear.
A armadura da minha companheira se rompeu sem prévio aviso e o seu ser gritou as verdades inatas para o ente que já as sabia de cor e que então começou a cuspi-las assustando os que viam por trás de suas armaduras...
...Entrei no quarto, com uma xícara de chá nas mãos. Sentei na cama e costurei os minutos para que deslizassem sobre eles um diálogo coerente, claro e triste. Meu silêncio ouviu. Digeriu. Concordou. E depois falou. E falaria mais se não houvessem me arrancado do quarto com olhos assustados que perfuravam nossa serenidade.
Porque só eu a entendia? Estaria louca também??
Mas a loucura é somente o abrigo das não-convencionalidades... O que diverge do que nossos ouvidos estão acostumados a ouvir ou nossos olhos a ver, deixa de ser normal. Contrário de normal é anormal e a anormalidade, nesse contexto, é a loucura.
Então sim, éramos loucas, ela e eu. E nenhuma das duas sorria sobre a cama.
E agora presa do lado de fora, sinto o pouso do silêncio sobre meu ombro direito enquanto escrevo. Ela está no quarto, fitando o teto que foi só o que deixaram para ela.
Ambas estamos tristes.
Ouço os entes queridos falarem sobre matéria e espiritualidade, porém ambas são convenções criadas pelos homens e a segunda veio quando a primeira não mais satisfez. Nenhuma comporta a verdade que é a contida em cada ser, omitida por cada ente e que sabe mais do que qualquer ciência ou filosofia humana.
Em cada um há um universo inteiro de luzes sob as quais podemos convidar outros para dançar e sombras onde repousaremos sozinhos. Estamos desconexos uns dos outros, portanto os convites para as danças não podem ser feitos e nos resta apenas a reclusão nas sombras.
Mais uma injeção, um comprimido.
Menos uma chance de revelar todas essa mentira confortável que nos circunda.
Apenas um olhar que se desvia, duvidando de tudo o que vir daqui para frente.
Começo a acreditar que enxergar é realmente estar doente dos olhos... E quais as providências tomadas para alguém doente?
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Bruxa ou Saci?
Bem sabemos que no dia 31 de outubro boa parte das crianças brasileiras se fantasiam e brincam sob decorações de abóboras, caveiras, morcegos e outros elementos sombrios que circundam o místico universo do Dia das Bruxas, ou Halloween.
Numa breve pincelada, o Halloween é um evento tradicional dos países anglo-saxônicos, especialmente Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, que perpetuam celebrações dos antigos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a. C. e 800 d. C.. Esse dia marcava o fim oficial do verão e último dia do ano no calendário Celta, como também o final da terceira e última colheita do ano, o início do armazenamento de provisões para o inverno, o início do período de retorno dos rebanhos do pasto e a renovação de suas leis. Acreditavam também que unicamente nesse dia os mortos teriam oportunidade de retornar à terra para procurar um corpo vivo e ocupá-lo pelo próximo ano, o que originou as fantasias, elementos assustadores e arruaças que afugentaria os espíritos.
Já sabemos sobre esta celebração e que ela faz parte da cultura norte americana e não da nossa, certo?
Além do decreto estadual Dia do Saci no Estado de São Paulo, contamos com as leis municipais nas seguintes cidade:
Dia do Saci no município de São Paulo
Esses projetos de lei estão disponíveis no site da Sociedade dos Observadores da Saci http://www.sosaci.org, o qual vale muitíssimo a pena dar uma bisbilhotada.
Numa breve pincelada, o Halloween é um evento tradicional dos países anglo-saxônicos, especialmente Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, que perpetuam celebrações dos antigos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a. C. e 800 d. C.. Esse dia marcava o fim oficial do verão e último dia do ano no calendário Celta, como também o final da terceira e última colheita do ano, o início do armazenamento de provisões para o inverno, o início do período de retorno dos rebanhos do pasto e a renovação de suas leis. Acreditavam também que unicamente nesse dia os mortos teriam oportunidade de retornar à terra para procurar um corpo vivo e ocupá-lo pelo próximo ano, o que originou as fantasias, elementos assustadores e arruaças que afugentaria os espíritos.
Já sabemos sobre esta celebração e que ela faz parte da cultura norte americana e não da nossa, certo?
E talvez gostem de saber que desde de 2004, o dia 31 de outubro no estado de São Paulo é o dia do Saci, e essa criaturinha simpática e travessa sim faz parte da cultura brasileira!
Além do decreto estadual Dia do Saci no Estado de São Paulo, contamos com as leis municipais nas seguintes cidade:
Dia do Saci em Vitória (ES)Dia do Saci em São José do Rio Preto (SP)
Dia do Saci em Uberaba (MG)
Dia do Saci em Fortaleza (CE)
Dia do Saci em Guaratinguetá (SP)
Dia do Saci em Embu das Artes (SP)
Dia do Saci em Poços de Caldas (MG)
Dia do Saci em Independência (CE)
Dia do Saci em Uberaba (MG)
Dia do Saci em Fortaleza (CE)
Dia do Saci em Guaratinguetá (SP)
Dia do Saci em Embu das Artes (SP)
Dia do Saci em Poços de Caldas (MG)
Dia do Saci em Independência (CE)
Esses projetos de lei estão disponíveis no site da Sociedade dos Observadores da Saci http://www.sosaci.org, o qual vale muitíssimo a pena dar uma bisbilhotada.
Valendo-nos das informações acima,
proponho que neste próximo dia 31 nós exaltemos o nosso riquíssimo folclore!
E aos meus camaradas pedagogos,
o que acham de trabalharmos com nossos pupilos o Saci ao invés da Bruxa?
Pedagogos, uni-vos!
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
O Captain! My captain!
"Oh capitão! Meu capitão! nossa viagem medonha terminou;
O barco venceu todas as tormentas,
[o prêmio que perseguimos foi ganho;
O porto está próximo, ouço os sinos, o povo todo exulta,
Enquanto seguem com o olhar a quilha firme,
[o barco raivoso e audaz:
Mas oh coração! coração! coração!
Oh gotas sangrentas de vermelho,
No tombadilho onde jaz meu capitão,
Caído, frio, morto.
Oh capitão! Meu capitão! erga-se e ouça os sinos;
Levante-se – por você a bandeira dança – por
[você tocam os clarins;
Por você buquês e fitas em grinaldas -
[por você a multidão na praia;
Por você eles clamam, a reverente multidão de faces ansiosas:
Aqui capitão! pai querido!
Este braço sob sua cabeça;
É algum sonho que no tombadilho
Você esteja caído, frio e morto.
Meu capitão não responde, seus lábios
[estão pálidos e silenciosos
Meu pai não sente meu braço, ele não
[tem pulsação ou vontade;
O barco está ancorado com segurança
[e inteiro, sua viagem finda, acabada;
De uma horrível travessia o vitorioso barco
[retorna com o almejado prêmio:
Exulta, oh praia, e toquem, oh sinos!
Mas eu com passos desolados,
Ando pelo tombadilho onde jaz meu capitão,
[caído, frio, morto."
O barco venceu todas as tormentas,
[o prêmio que perseguimos foi ganho;
O porto está próximo, ouço os sinos, o povo todo exulta,
Enquanto seguem com o olhar a quilha firme,
[o barco raivoso e audaz:
Mas oh coração! coração! coração!
Oh gotas sangrentas de vermelho,
No tombadilho onde jaz meu capitão,
Caído, frio, morto.
Oh capitão! Meu capitão! erga-se e ouça os sinos;
Levante-se – por você a bandeira dança – por
[você tocam os clarins;
Por você buquês e fitas em grinaldas -
[por você a multidão na praia;
Por você eles clamam, a reverente multidão de faces ansiosas:
Aqui capitão! pai querido!
Este braço sob sua cabeça;
É algum sonho que no tombadilho
Você esteja caído, frio e morto.
Meu capitão não responde, seus lábios
[estão pálidos e silenciosos
Meu pai não sente meu braço, ele não
[tem pulsação ou vontade;
O barco está ancorado com segurança
[e inteiro, sua viagem finda, acabada;
De uma horrível travessia o vitorioso barco
[retorna com o almejado prêmio:
Exulta, oh praia, e toquem, oh sinos!
Mas eu com passos desolados,
Ando pelo tombadilho onde jaz meu capitão,
[caído, frio, morto."
Walt Whitman
Poema traduzido do poeta e jornalista do século XIX,
considerado por muitos "pai do verso livre".
Segue um link do original: http://www.ocaixote.com.br/caixote07/captain
Um sopro de excitação!
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
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